sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chico Buarque "O Que Será?"

Chico Buarque. Muitos são os que, ao ouvir o nome dele, logo pensam em algo um tanto quanto vertiginoso, um enfado aos seus ouvidos. Associam o nome dele a Ditadura Militar, alguns até sabem que ele também escreve romances e... Deu. Branco. E Era isso Chico. Ah, também te relacionam com o Aurélio Buarque, do dicionário... Mas esse A não implica em B, são diferentes, ok? Eles não são pai e filho ou avô e neto. Eles são da mesma família, mas parentes bem distantes. Chico é quem deveria ser considerado o rei, uma vez que a sua produção é extremamente plural, tanto no sentido da estilística de composição e temas como na criação de harmonias bem elaboradas.
Não vou escrever sobre ele, mas sim sobre as canções, para despertar algum interesse nesse artista, que para muitos é considerado o maior gênio da música brasileira. Se ele é tudo isso e você um pouco curioso, ao menos deve surgir uma vontade de investigar o que ele produziu. Se você compreender as letras perceberá porque ele pode ser considerado um gênio. Como vou escrever muito sobre ele em outras ocasiões, vou postar as informações que mais chamam minha atenção, mas, agora, mais importante que saber da história dele é saber o que ele compôs.
Não é tão difícil entender as letras deste artista. Começo por uma muito interessante, que se chama “O Que Será?”, composta em parceria com Milton Nascimento. Para entender essa letra você deve apenas tentar responder a pergunta que ele faz.

O Que Será


(Chico Buarque e Milton Nascimento)

O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos? (Fazendo feitiçarias, macumba, para ter o que deseja)
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza (O que será que está na natureza, que é natural do homem?)
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho... (Qual seria a abstração que não se tem tamanho?)

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias (Que não sai da cabeça...)
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia (Essa ele facilitou, o que está no trabalho das meretrizes?)
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura (O que não se consegue proibir?)
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...

O que será? Que será?
Que todos os avisos (Mesmo dizendo, não faça isso, você vai lá e faz...)
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno (Mesmo o padre, que não fez, vai abençoar...)
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...(2x)

Eu ilustrei a letra com algumas indicações, têm outras tantas. Você pode ter achado várias respostas, mas as que se encaixam melhor, na minha interpretação são o Sexo e o Amor. Um amigo meu, de extrema esquerda, diz que a resposta é a Anarquia... Tudo bem, porque é a compreensão dele, um tanto quanto politizada, mas sem fundamento algum (mania de quem pensa Chico como apenas ser político).
Não é tão complicado assim, não é? Escutem a música, não será perca de tempo, acreditem.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Entendendo “O Pseudointelectual”



Esse blog é para você que simplesmente gosta de discutir, de se expressar, se você não gosta, desculpe, retire-se, pois todos os pseudointelectuais adoram exibir suas teorias, demonstrar seu conhecimento através de frases prontas, falar sobre livros, mesmo tendo lido apenas a contracapa, citar frases de filósofos e escritores no subnick do msn – principalmente Nietzsche, todos gostam de Nietzsche, não sei porque, mas espere, ainda faremos uma pseudoteoria para entender isso. Se você também tentou várias vezes ler um grande clássico da literatura, como Crime e Castigo, de Dostoievski, mas foi no máximo até a página 160, seja bem-vindo, pois o bom pseudointelectual incrivelmente conseguirá discutir muito do livro, impressionando quem está ao redor com sua eloquente análise psicológica dos personagens, também indicando como se comportava o aparelhamento do Estado à sociedade oprimida.
Ele também é destinado para você que detesta pagode e adora, ou gostaria de adorar, um Jazz, Blues, músicas alternativas e eruditas – sem ao menos saber a organização dos naipes da orquestra na plataforma de concerto.
Se você adora Física, eis aqui seu berço. Se sua média na escola sempre foi acima de oito, desconsiderando Educação Física, entenderá muita coisa das muitas que irei falar. Se você não foi um bom aluno, tudo bem, espero então que seja bom em algo, o pseudointelectual sempre foi o mais destacado em alguma coisa, alguns até em tudo, e pretendo falar sobre algumas coisas complexas em demasia.
Se você não é um pseudointelectual ainda, aqui poderá saber tudo sobre eles e logo perceberá que já é um, porque possuímos uma tendência para a vaidade, por mais que você admire a humildade. Há uma classe muito grande de pseudointelectuais que se considera humilde, simples, do povo, contra o elitismo. Também há a grande classe dos que não se importam nem um pouco com isso, a dos vaidosos, às vezes, até arrogantes. Todos esses são bem-vindos. Você logo perceberá o tamanho de seu conhecimento sobre tudo. Tudo. E vai começar a fazer suas teorias através das nossas teorias e espalhar todas essas teorias para quem o circunda.
Acho que é isso. Todos têm a capacidade de argumentar sobre algo. Dizer o que pensa, falar de seus gostos e, além disso, qualificá-los... Isso é bom por isso e isso é bom por aquilo. Tentamos até por meio de uma lógica - por mais que muitos não saibam sobre como se opera o método científico – apresentar nossas teorias sobre tudo, as mais comuns são a respeito da limitação cognitiva de alguns e, para aqueles que apenas ouviram falar de Karl Marx, dizer “alienado!”.
Não sei quanto tempo leva para que o pseudointelectual se torne um intelectual, mas por enquanto, isso não interessa.
E, claro, as ironias. Nesse texto mesmo, têm muitas, se você não pegou nenhuma, é porque sofre de alguma atrofia mental ou é digno de uma inteligência equina. Se você pegou... ufa, que bom, está no caminho certo. Com um tempo verá o tamanho da sua pseudointelectualidade e não mais ficará constrangido por não conseguir escondê-la.